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quarta-feira, 23 de março de 2011

Sobre Angra e Fukushima

Usina de Angra dos Reis

Por Lilian Milena
Da Agência Dinheiro VIvo
O plano de emergência para evacuação de área quando em casos de desastres nucleares aplicado no Japão é semelhante ao esquema adotado pelo Brasil na região de Angra dos Reis, onde operam hoje as usinas Angra 1 e Angra 2.
O especialista em análise de acidentes em usinas nucleares e presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, explica que a cada dois anos a população é submetida a um treinamento de evacuação de área que envolve unidades de defesa civil do estado, município, exército e marinha.
As ações para retirada de pessoas acompanham uma simulação de propagação de material radioativo iniciado pela retirada de pessoas a 5 km de distância da usina, por exemplo, depois a 10 km, e assim por diante.
A região de Angra dos Reis foi escolhida para a construção da primeira usina nuclear brasileira, da década de 1970, por ser relativamente afastada dos centros urbanos, inabitada. Hoje a cidade não só abriga os funcionários das duas usinas e seus familiares, como uma população de 169 mil habitantes, para uma área de 825 km2. A beleza natural e a construção da BR 101, facilitando a mobilidade, são os principais fatores para o desenvolvimento da cidade.
Kuramoto destaca que os riscos do Brasil sofrer um acidente igual ao que ocorreu nas três centrais nucleares japonesas - Onagawa, Fukushima e Tokai – são muito pequenos. Para começar, a probabilidade de ocorrer um terremoto, e da mesma magnitude que atingiu o Nordeste do João, de 9,0 graus na escala Richter, é bastante remota no Brasil. Já a probabilidade de um tsunami dessa magnitude é de a cada milênio. Acredita-se que o último tenha sido responsável por afundar Alexandria.
O segundo ponto levantado pelo engenheiro é que a tecnologia das usinas de geração e distribuição do Japão é do tipo BWR, consideradas menos seguras que as do tipo PWR, utilizada no Brasil. Em primeiro lugar, o sistema de refrigeração do reator nuclear de Fukushima é único, ou seja, a água que passa pelo circuito de resfriamento é a mesma que é posta em contato com o reator. Enquanto que o sistema de refrigeração do reator do tipo PWR é independente, separado em sistemas primário e secundário.
Em segundo lugar o resfriamento das usinas BWR para atmosfera ocorre através de válvulas, de contato direto com o núcleo do reator para o meio ambiente. Nas usinas brasileiras, a válvula de alívio e segurança fica no sistema secundário, sem contato com o núcleo do reator. Por último, a fonte de água usada para resfriar um reator do tipo de Fukushima é apenas uma: água do mar. As usinas de Angra 1 e Angra 2 utilizam sistemas auxiliares, de água de alimentação auxiliar de emergência e de proteção contra incêndio.
Mesmo com todas as diferenças estruturais que facilitam a contaminação do meio por acidente, as usinas japonesas foram capazes de resistir um dos terremotos mais fortes já registrado desde que a escala Richter foi desenvolvida, em 1935. Seus sistemas desligaram automaticamente, conforme o programa de segurança previa. O problema foi o tsunami, que interrompeu o processo de resfriamento de combustível iniciado logo após o terremoto.
As usinas japonesas foram projetadas para suportar um impacto de onda de 5 metros, sendo que as ondas que chegaram às usinas passaram de 10 metros, explica Kuramoto.
Programa nuclear brasileiro
Segundo dados da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), entre 2004 e 2010, os investimentos no setor foram multiplicados por 5, alcançando os R$ 60 milhões, que envolvem não só a produção de energia, mas o uso médico e industrial, nas áreas de mineração e esterilização de alimentos, por exemplo, da física nuclear.
O PDE 2030 (Plano Decenal de Energia) também prevê investimentos nessa fonte energética. O Brasil tem a 6ª maior reserva de urânio do mundo, tendo prospectado apenas 30% de todo seu território. Isso quer dizer que há possibilidades do país ter a 2ª maior reserva do planeta, estimada em 900 mil toneladas de minério. "Esse potencial energético é equivalente ao estimado para o pré-sal", completa Kuramoto.
Em 2030 o país estará consumindo o dobro de energia que consome hoje. Até lá, o potencial hidrelétrico estará esgotado, por isso o PDE 2030 prevê investimentos na diversificação da matriz energética brasileira. Quanto à energia nuclear, a ideia é que sua participação geral continue em 3% da matriz, a partir da implantação de pelo menos cinco novas usinas, entre elas Angra III, já em construção e estimada em R$ 10,4 bilhões.

Você vai ser professor? Conta outra, vai!



O EfeitoRizoma republica artigo escrito pelo Paulo Ghiraldelli, extraído do site http://ghiraldelli.pro.br/ :

Continuamos a dar aulas nos cursos de licenciatura como se estivéssemos em Cambridge. Tudo corre de modo irreparável. Ao menos nós, os bons professores das universidades públicas, continuamos a colocar os alunos lendo os clássicos, falando sobre infância e teorias pedagógicas e tudo o mais. Fingimos descaradamente que os estados e os municípios (os únicos responsáveis pelo o ensino básico) estão fazendo a sua parte e que os nossos alunos irão ocupar os postos de professores no ensino fundamental e médio. Mas não vão.

A média de exoneração a pedido do próprio professor é de mais de dois por dia letivo, entre os que passaram em concurso recente no Estado de S. Paulo. Em 25 dias letivos, foram 60 professores que deixaram o cargo. A maior parte deles está entre os mais bem formados, os que vieram de universidades públicas (Folha, 21/03). O governo Alckmin diz que isso é “normal”, que tais pedidos são por “motivos pessoais”. Sim! De fato, são pessoais. A maioria diz que sua experiência pessoal, em 25 dias, mostra que não compensa, por mil reais, enfrentar alunos que não prestam atenção em nada, apenas falam no celular durante a aula, furam pneus de carros e ameaçam professores. Isso sem contar as condições físicas das escolas. Essa é realidade paulista, mas São Paulo não precisa se orgulhar sozinho por ter tornado seu ensino um lixo. A maior parte dos estados da Federação apresenta os mesmos problemas. Os melhores professores, os concursados que passam nos primeiros lugares dos últimos exames, logo percebem que qualquer outro emprego pode ser melhor que ser um professor da escola pública. Nunca um setor do serviço público foi tão menosprezado no Brasil.

O que fazemos nós, na universidade pública, a esse respeito? Nada! Continuamos a ler as estatísticas, mas não abrimos a boca, para os nossos alunos, do que é ser professor na rede pública. Entramos em sala dos cursos de licenciatura e ministramos as aulas sonhando, todos, que vamos formar professores, mas no íntimo, tocamos o barco como se estivéssemos, mesmo, é alimentando um bacharelado disfarçado. Pois, no íntimo, sabemos que estamos dando aula para meia dúzia, os que irão fazer mestrado e, enfim, voltarão para nos substituir na rede pública de ensino que talvez sobre: a da universidade. Estamos endossando a idéia que se disseminou nas práticas governamentais dos últimos anos: o que haverá no Brasil, em termos de ensino público, será uma grande rede de colégios mais ou menos profissionalizantes, em nível superior – a rede de ensino das universidades públicas. Aqui se dará o final da alfabetização e alguma profissionalização. Todo mundo sairá dessa rede com diploma de nível superior.

O brasileiro médio vem concordando com isso. De uns vinte anos para cá, a população brasileira vem acreditando que a educação básica não importa, que o que importa é a educação superior. Por educação superior, leia-se: diploma de nível superior. Isso é tão visível que uma parte da população acha que o vestibular não serve para nada, que a matéria que “cai no vestibular” é inútil para se cursar a universidade. Nós, professores universitários, sabemos que não. Sabemos que os alunos que passam por vestibulares mais concorridos formam turmas melhores na universidade. Sabemos que o ensino básico é necessário e que aquilo que os cursinhos pré-vestibulares ensinam é realmente o que é preciso para que o ensino universitário aconteça. Mas, o fato é que nós nem mais conseguimos lutar por nada. Pois o MEC, a quem poderíamos ter acesso, está de mãos atadas. Nosso ensino básico é inteiro municipal e estadual. Somos arrastados por esses mecanismos de desvalorização do professor do ensino básico, e que está tornando nosso país inviável. Estamos nos tornando a quinta economia do mundo, mas não conseguimos nos civilizar e, enfim, poderemos morrer na praia, porque somos um país cujo ensino não anda.

Essa desgraça que se abateu no ensino básico (e não só público!), por culpa da sociedade e dos estados, já está atingindo o ensino superior. Nem mesmo a USP ou outras federais famosas estão entre as escolas que ocupam posições de destaque no cenário internacional. Na última classificação, vários países ditos emergentes apareceram entre aqueles que tinham universidades no ranking mundial. O Brasil não! Nem mesmo a USP? Que USP que nada! Ela já não aparece mais!

É incrível que a cada período eleitoral tenhamos de agüentar os candidatos a cargos executivos e legislativos dizendo que a educação é a prioridade e, logo em seguida, os vemos dizendo que, em termos de ensino, tudo vai bem. Não vai. E nós, professores universitários, continuamos a mentir para nós mesmos, concordando com isso e dizendo para nossos alunos que eles estão se formando para alguma coisa que vale a pena. É mentira. Nós somos todos um bando de Pinóquios.

© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr. Filósofo, escritor e professor da UFRRJ

sábado, 19 de março de 2011

O início de um novo projeto.

Como dar início a um projeto como este?
Primeiro pensei em trazer algum texto para análise, depois alguma coisa produzida por mim ou pelo outro colaborador do Blog. Finalmente decidi que este primeiro post terá a função de esclarecer os motivos para criação deste espaço e seu objetivo.

Dentre os motivos posso citar a necessidade de partilhar tudo aquilo que estou procurando, pela experiência ou pela razão.
Inúmeras perguntas ficarão sem resposta.

A finalidade não é, em absoluto, esclarecer todas as dúvidas, mas a incansável busca em si. 

Sendo o objetivo do Blog conectar o máximo possível de pessoas (filósofos, políticos,curiosos). Nos debruçaremos sobre Filosofia e Política. Não haverá uma ordem pré-determinada, o roteiro virá das necessidades e do cotidiano. 
Alguns insights dos pensadores estudados e notícias lidas em vários portais, concentradas, para quem não dispõe de tanto tempo.  



¨O que me interessa são as relações entre as artes, a ciência e a filosofia. Não há nenhum privilégio de uma dessas disciplinas em relação a outra. Cada uma delas é criadora.¨
Gilles Deleuze



Saudações cordiais,
Efeito Rizoma.