quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sábado Insano

Acontece todos os sábados ou quase. Nosso Sábado Insano é dedicado a estudos e discussões que desorganizam certezas.
Em um dos últimos encontros discutimos as ideias do livro de Roque de Barros Laraia.




Um dos integrantes conduziu a leitura, os outros trataram logo de duvidar.
Da dúvida surgiram discussões e outras dúvidas.

Se toda produção humana está inserida em contexto e sofre influências, haveria espaço para o novo?

Se o sujeito nasce no segundo nascimento, sendo esse parto feito pelos seus semelhantes que o chamam para o mundo conceitual e simbólico através da palavra, existe acesso consciente ao que havia antes?

consciência é linguagem?

Existe homem além da consciência? A mente nos leva a interpretá-la como a ultima estação, teríamos para onde ir sem sua companhia?

Segundo nossas impressões mais fortes, somos nós que estamos valorando e escolhendo. Mas de onde vieram os nossos critérios de escolha?

Os gostos, hábitos e aspirações são nossos ou nos foram dados? Esse horizonte que enxergamos à nossa frente é real?

Gostaria de poder esclarecer todas essas dúvidas, mas não tenho certeza se meus símbolos atingiriam o alvo. Cabe ao sujeito decidir se vai se embrenhar nos caminhos da busca. 
O terreno do conhecimento é tortuoso e rizomático, nada linear. 

Boa sorte na sua busca.

Saudações cordiais,
O Estudante.




quinta-feira, 21 de março de 2013

Fundação dos Idiomas



Segundo os antigos mexicanos, a história é outra.
Eles contaram que a montanha Chicomóztoc, erguida onde o mar se partia em duas metades, tinha sete grutas em suas entranhas.
Em cada uma das grutas reinava um deus.
Com terra das sete grutas, e sangue dos sete deuses, foram amassados os primeiros povos nascidos no México.
Devagarinho, pouco a pouco, os povos foram brotando das bocas da montanha.
Cada povo fala, até hoje, a língua do deus que o criou.
Por isso as línguas são sagradas, e são diversas as músicas do dizer.

Eduardo Galenao - Espelhos



É curioso perceber o papel da língua nas várias explicações sobre a gênese da humanidade.
Será apenas coincidência?
Será que o verbo está ai, como simbolo de divindade, por acaso?
No início era o verbo...

Boa reflexão.

Saudações cordiais,
O Estudante.



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Sonhos

Google imagens

Estava dormindo. Alguma coisa dentro do meu sonho, ou fora dele, me fez acordar. Tudo permanecia aparentemente igual.
No meu sonho, ou em algum lugar que não sei definir bem, eu vi uma pessoa encarcerada há tempo, parecia mais esquecida que presa. Não sei ao certo como mas se alimentava dos restos de um outro que morava num prédio ao lado.
Todos os dias este outro, livre e lembrado embora também não pudesse sair de casa por uma incapacidade qualquer, recebia visitas de um tipo de mestre de musica ou professor de outra arte.
As aulas eram direcionadas ao sujeito livre, mas de alguma forma elas iluminavam e irrigavam a vida do esquecido.
De dentro daquilo que parecia uma cela, ele esperava ansiosamente.
Cada nota, cada pincelada, toda a atenção.

http://amanda.org.br/
Saudações cordiais,
O Estudante.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O mundo à maneira humana

Afinal, do que é feito o mundo como nós, HUMANOS, o percebemos?
Numerosos pensadores se debruçaram sobre este tema e as conclusões são das mais diversas.


O mundo é realmente o que nós enxergamos?
(Para entender o sentido da pergunta filosófica é preciso entender um pouco de linguagem, simbolo, signo, significante e convenção)
Se por acaso surgir uma afirmativa em resposta a pergunta anterior vem logo outra em seguida.
Existe condição de garantirmos que isto é real?

Não tenho pretensão de responder todas essas questões nas poucas linhas seguintes. Meu maior anseio é registrar a dúvida. A dúvida, o incomodo, o desequilíbrio, são fundamentais para a criação de conceitos novos.

Registre-se em pixeis: Todas as críticas são aceitas. Quem sabe com ela construímos um ponto de discussão em comum? E a partir dai, quem sabe?

Pensem agora. Qual a finalidade de se criar o novo? Por que mexer no que está quieto? Há quem diga que isso faz perder o juízo. Não discordo que a possibilidade tem fundamento, mas o objetivo não é esse, portando quando sentires que as coisas estão saindo do padrão é melhor parar de pensar. Voltar às atividades cotidianas (Portas em automático) ajuda a parar o pensamento fragmentário, indica o caminho à loucura boa, a loucura circular. Já falei em texto anterior da loucura circular.

Este tipo de dúvida serve para pessoas mentais. Pessoas que se fazem pessoa com essa espinha atravessada na garganta. Para pessoas mentais a análise e confronto de dúvidas gera prazer incomensurável. Já para as pessoas emocionais o caminho da dúvida não é tão atrativo.

É preciso que o caminhante faça auto-análise.

Não existe predileção, nem tipo de pessoa certo ou errado. O importante é seguir caminhando como bem narrou o incomparável Eduardo Galeano.




Boa reflexão.

Saudações cordiais,
O Estudante.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Solidão



A solidão é a certeza cruel.
Não adianta espernear, praguejar ou enfeitar. A morte só aceita um por vez. Não há exceções...

O diálogo não passa de uma tentativa de moldar a realidade à sua guisa  O consenso é burro e ingênuo.

A impossibilidade de transmissão adequada te compele a calar. Essa ideia na mente não encontra terreno fértil quando lançada além-mente.

São dois caminhos que levam à mesma solidão.
Falar sozinho, impossível fazer de outra forma, aliás, falar consigo mesmo.
Calar sozinho e enfrentar a companhia da mente e as vezes do corpo.

Não há o que falar em comunicação. Eu finjo que falo e você finge que me entende nesta loucura circular chamada ironicamente de normalidade.


A limitação do vocabulário aumenta a dificuldade em decifrar os significantes alheios, minam a comunicação.

Aos amantes deveria ser proibido conversar. Os corpos entendem de amar, a mente só atrapalha.

Em conversas nos mais variados temas escutamos aqui e acolá, com certa frequência:
-Ponha-se no meu lugar.
(C'est impossible)
Desculpe mas é impossível, o que está além-mente é suposição, convenção, mentira ou pior.

A falha do escravo da mente é (tentar) racionalizar o imponderável.

Dar sentido ao CAOS nem sempre é o mais acertado a se fazer. Me parece bem mais humano simplesmente estar além. CAOS ou ORDEM. Estar.

A necessidade por certezas é estéril e inebriante. Caminho à frustração.

Não consigo lembrar de outra coisa, senão, da aranha que tece sua teia apesar do vento.

É engraçado lembrar de como somos humanos ao despertar, existe ali, naquele momento, uma brecha, uma janela que logo se fecha sem avisar e as coisas voltam a fazer sentido.

A linearidade retoma majestosamente seu lugar.

Saudações cordiais,
O Estudante

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O que impulsiona nossa espécie


Esses dias fiz uma viagem e mergulhei no universo de outra cultura, mais precisamente no universo da cultura Afro-Brasileira. Presenciei uma grande cerimônia do Candomblé.

Homens, mulheres, crianças e adolecentes. Gente de várias cidades e estados, juntos para realizar as festividades.

Procurei entre o sobe e desce de entidades e espíritos alguma coisa que eu pudesse reconhecer como divino, foi em vão. Com meus olhos destreinados para este tipo de ritual, só pude ver homens. Nada além disso.

Me pergunto. O que nos move a seguir crenças ou simplesmente não segui-las? Sartre bem antes de mim, pensou a respeito, e afirmou que os homens em geral tem ânsia por uma finalidade para a vida.

Ele responde a este questionamento através da alegoria do corta-papel.

Sartre observou que, a maioria do homens demonstra através de suas ações uma necessidade extrema em encontrar um sentido para a vida, uma finalidade precípua à sua existência.
A busca se torna na maior parte das vezes um estorvo, um peso enorme de frustração e desinteresse pelas coisas simples que compõem o cotidiano.



Em contraponto à ideia do corta-papel, o pensador francês, definiu o ser humano através de uma outra alegoria. A da pedra lascada.

A pedra lascada não fora criada. Foi descoberta, significada e transmudada pelo uso humano em ferramenta. Segundo este pensamento, a pedra lascada ganha valor no nosso mundo simbólico, como símbolo além da coisa em si. É portanto o olhar humano que dá sentido as coisas. Sentido CRIADO, INVENTADO, INTERPRETADO e ADAPTADO.

Perceber o papel do olhar do OUTRO neste mundo simbólico e conceitual não é das tarefas mais fáceis.

Boa reflexão.
Saudações Cordiais,
O Estudante.


PS: Esse texto teve inicio em 25 de setembro de 2011 e ficou esquecido por um tempo, esses dias eu consegui finalizá-lo.

domingo, 11 de novembro de 2012

Fragmentos


Ouvi certa vez da boca do Doutor que na vida, para que valesse a pena a passagem, era preciso fazer das pequenas notas uma bela sinfonia. Ele disse aquilo inspirado no Deleuze. Pouco tempo depois inaugurei este espaço.
Em minhas leituras e buscas, aleatórias e rizomáticas, encontrei Eduardo Galeano. Topei com ele na revistaria do TIP em recife. De lá pra cá tenho me reinventado através das Histórias e Estórias contadas em forma de fragmentos, verdadeiras notas que se transformam nas mais belas sinfonias que uma página pode contar. Abraços, Bocas, Filhos, Espelhos, Tempo, Mundo e Avesso.
Cada um cheio de pequenos presentes.

Aprendi que existiu uma tribo na Terra do Fogo. E que nos tempos idos os Onas adoravam vários deuses. O deus supremo se chamava Pemaulk.
Pemaulk significa palavra.

Aprendi dos Maias, mais precisamente de uma comunidade Tojolabal, um cumprimento mais humano.
-Eu sou outro você.
-Você é outro eu.

Aprendi que hierarquia e disciplina não são o que parecem ser.
Aprendi a duvidar ainda mais das minhas quase inexistentes certezas.
Aprendi a ser mais humano e menos civilizado.

A música reverbera com mais intensidade.
As cores pedem cada dia mais atenção.
O tempo passa e enxergo mais.

A alegria e a tristeza trespassam meu corpo.
Me regojizo com a vida.
Não sou mais triste nem alegrinho.
Estou aprendendo a me fazer e desfazer.

Inspirado na aranha que tece sua trama a despeito do vento.

Saudações Cordiais,
O Estudante.