domingo, 27 de março de 2011

Pensar é um ato de violência



Como e porquê as vezes, sem motivo aparente, surge uma nova ideia na nossa mente?

A ideia simplesmente explode com uma clareza de detalhes que mais parece que sempre esteve por ali, como se fora plantada, inserida, talvez inundada por nosso sub-consciente, talvez uma releitura de algo visto em uma de nossas experiências cotidianas, uma realização ou um trauma, algo forte ou banal. 
Nunca me preocupei da maneira de como as ideias surgem em nosso pensar. 
Alguns filósofos ao longo da história viram a razão como uma faculdade inata do ser humano, algo que o diferencia dos outros animais. O ponto de corte entre besta e ser pensante, é portanto pensar. Mas isso explica como separamos e classificamos os seres, e não como a ideia surge. 
Gilles Deleuze, entende que a criação de uma ideia nova é um ato de violência, demanda coragem e comprometimento, é como pular de um abismo, você têm duas opções; uma é mais confortável e normalmente é escolhida por nós. Não pular é a conformidade e a utilização de ideias prontas, coisas que dão certo tendem a dar certo. 
Como num círculo virtuoso. Repetimos conceitos e verdades estranhas a nossa experiência, pelo simples fato de terem sempre dado certo. Correndo portanto o risco de, as vezes, aplicar uma solução igual a problemas diferentes. 
A outra maneira é abrir mão da segurança dos nossos pressupostos, o que é realmente perigoso e pode ser comparado ao mergulho no desconhecido. 
A nova ideia, o NOVO, pode levar-nos para um lugar que nos separe dos nossos semelhantes, pode trazer uma visão completamente diferente da maneira como encaramos nossas circunstâncias. E como na caixa de pandora ou no fruto proibido, uma vez aberto ou provado é impossível voltar atrás. 
Aquele que realiza este tipo de experiência nunca será mais o mesmo, aliás, o objeto analisado também não o será. A releitura por si só modifica a ideia, vistas sob nova ótica são ideias novas.

O importante disso tudo é sabermos que temos escolha. O tempo todo estamos diante de dúvidas, e precisamos optar pelas quais aceitaremos como verdade e quais serão inquiridas por nossa razão. Simples escolha, que infelizmente nunca foi feita por tantas pessoas e que ainda terão milhares que nunca farão.

Um ótimo dia a todos, uma excelente caminhada e uma busca cheia de surpresas.

Saudações Cordiais,
O Estudante.

*Imagem retirada de http://www.mymodernmet.com/ feita por Evan Demianczyk.

6 comentários:

  1. Boa reflexão. Valeu a leitura. ;)
    Um estímulo para quem anda preguiçoso de pensar!

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  2. Já vi algo muito muito parecido em Nietszche, será?

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  3. Não tenho a pretensão de ter sido o primeiro a pensar em algo do tipo ou refletir a respeito.
    Confesso minha ignorância quanto a obra. Nunca li nada de Nietszche, melhor dizendo, neste momento estou lendo Assim Falava Zaratustra mas ainda não cheguei na metade.
    É possivel que Nietszche tenha escrito a respeito, mas este texto não é diretamente relacionado com sua obra.
    Se tem relação direta com a filosofia de alguém é a "Deleuziana" como disse no próprio texto.
    De qualquer forma me dedicarei a leitura de Nietszche.

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  4. Me permitam ser um pouco mais claro, talvez eu tenha tido uma conexão transcendental de nivel fantasmagórico com o espectro de Nietszche, direto do Além.
    Fui Abençoado...

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  5. por isso q eu acredito que Heráclito estava certo :nunca entramos no mesmo rio 2 vezes

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